Nos próximos dias, o céu se movimenta com intensidade, ativando pontos sensíveis do mapa do Brasil. Marte em trânsito passa sobre o Mercúrio natal da nação (em Leão), inflamando o campo da comunicação, da mídia, da retórica e da inteligência estratégica. Este aspecto sugere dias de narrativas acaloradas, discursos afiados e uma aceleração nos debates públicos — com polarizações inflamadas e posicionamentos contundentes. Palavras se tornam armas. Ideias, territórios de disputa.
Ao mesmo tempo, Mercúrio retrógrado caminha sobre o Nodo Sul do país, convidando-nos a revisitar velhas narrativas coletivas, padrões mentais arraigados e armadilhas ideológicas do passado. O risco é cairmos em discursos regressivos ou manipulações emocionais disfarçadas de verdades. Mas também é uma chance rara de reavaliar os caminhos que nos trouxeram até aqui e, com lucidez, discernir o que precisa ser deixado para trás.
Ainda que o pano de fundo continue intensamente tensionado por Plutão retrógrado quadrando o Marte natal do Brasil — uma pressão estrutural que toca em questões de poder, justiça, segurança e repressão — deixemos este cenário de forças pesadas, já amplamente analisado, para focar os movimentos dos planetas mais rápidos, que traduzem o sabor imediato dos dias.
Vênus, em trânsito por Gêmeos na cúspide da casa 5 do mapa do Brasil, traz um toque mais leve, mas não menos significativo. Gêmeos é o signo das múltiplas vozes, dos encontros e desencontros, da arte da conversação. Vênus ali sugere que o gosto popular se volta para temas artísticos, midiáticos e educacionais, e que o desejo de expressão criativa se acentua. A política pode se transformar em espetáculo — e o afeto, em jogo de palavras.
Júpiter, também na cúspide da casa 5 e em Câncer, signo de sua exaltação, adiciona uma dose de grandeza emocional, proteção e, ao mesmo tempo, dramatização. É como se o palco da vida pública se enchesse de figuras que buscam protagonismo moral, emocional ou maternal. Há algo quase teatral no ar — como se a nação assistisse a uma peça cujos atores principais disputam não só a razão, mas os corações.
Esse Júpiter em Câncer, porém, também pode amplificar o desejo coletivo por pertencimento, cuidado, memória e raízes. Pode ser um tempo fértil para projetos culturais, educativos e patrióticos — mas também para discursos inflados e manipulações simbólicas com forte apelo sentimental.
O que se desenha, portanto, é um período em que o verbo se inflama (Marte sobre Mercúrio), a mente retorna a seus fantasmas (Mercúrio retrógrado sobre o Nodo Sul), e o palco público se enche de encantos, vaidades e promessas de redenção (Vênus e Júpiter na casa 5).
Que saibamos atravessar este tempo com discernimento, beleza e coragem. Que a palavra não seja apenas espada, mas também ponte. Que a memória não nos prenda, mas nos ensine. E que o protagonismo seja expressão de alma, e não apenas desejo de aplauso.